Nessa bacia será alocada boa parte dos recursos dedicados ao desenvolvimento da produção: dos US$ 89,9 bilhões previstos até 2016, quase a metade vai para o pré-sal. Mas o pós-sal de Campos abocanhará a maior parte dos US$ 30,2 bilhões destinados a essa ‘camada’, que está, do centro da terra para a superfície, acima do pré-sal.
A estatal assegura que a Bacia de Campos segue “em constante evolução, ampliando a vida dos campos maduros e agregando novas descobertas às reservas existentes, utilizando-se da infraestrutura que já existe”. Para isso, a empresa vem investindo em novas tecnologias e na revitalização das plataformas de produção, por meio das Unidades de Manutenção e Segurança (UMS).
Eficiência operacional – Nem tudo funciona às mil maravilhas. Dos US$ 16,3 bilhões previstos para infraestrutura na área de E&P, uma fatia expressiva ficará para a Bacia de Santos, onde tudo ainda está para ser feito. Mas a de Campos também vai receber uma boa parte, até mesmo por conta do problema detectado – ou melhor, informado – durante o anúncio do plano de negócios: a maior produtora de petróleo e gás do país é ineficiente operacionalmente. Pelo menos em uma das três unidades de operações que cuidam dos ativos dessa bacia: a UO-BC. As outras duas são: a UO-Rio, sediada nas instalações cariocas da estatal, e a UO-ES, na sede capixaba.
A Petrobras revela os números dessa ineficiência, mas não explica quais os parâmetros dessa avaliação. De acordo com a direção da estatal, a eficiência operacional da companhia, que vem tendo investimentos crescentes nessa década, caiu de 92% para 86% de 2009 até o primeiro trimestre deste ano. O tombo maior se deu justamente na parcela da Bacia de Campos que é gerida pela chamada Unidade de Operações, a UO-BC: a eficiência dessa unidade descambou de 88% para 72%, uma queda de quase 20%.
Com o objetivo de frear essa queda, a presidente da Petrobras, Graça Foster, anunciou como um dos projetos estruturantes do novo plano de negócios a criação do Programa de Aumento da Eficiência Operacional (Proef) da Bacia de Campos. “É preciso urgentemente aumentar a eficiência operacional da Bacia de Campos”, declarou a executiva.
O mesmo empenho foi defendido por Formigli. “A UO-BC representa 25% do nosso potencial de produção. Portanto, temos que trabalhar para que ela recupere sua produção, dentro de metas que possam ser atingidas, com todo o suporte da organização da Petrobras ao time da Bacia de Campos”, salientou o diretor de E&P.
A nova curva de produção, anunciada no PN, que reduz em 710 mil barris a projeção anterior para 2020, já está baseada na revisão da eficiência operacional dos sistemas em operação na Bacia de Campos e no cronograma de entrada de novas unidades até 2016. De acordo com a petroleira, o Proef tem por objetivo aumentar a confiabilidade de entrega da curva de óleo, por meio da melhoria dos níveis de eficiência operacional e da integridade dos sistemas de produção da Bacia de Campos.
Para atingir esse objetivo, o programa estabelece 15 iniciativas “viabilizadoras em poços, sistemas submarinos e plataformas”, de acordo com a Petrobras, que ainda não detalhou essas ações. No curto prazo (2012-2013), serão realizadas ações específicas e de suporte com foco no aumento de eficiência, entre as quais uma campanha intensiva de recuperação em poços com incrustação e garantias de disponibilidade de equipamentos críticos para as UEPs (unidades estacionárias produtivas, como são chamadas as plataformas).
No longo prazo (após 2013), serão adotadas medidas para assegurar a manutenção do desempenho, por meio de ações estruturantes como simplificação e padronização de equipamentos, substituição de sistemas de produção e projetos de revitalização.
Os recursos estimados para o Proef, no período de 2012-2016, somam US$ 5,1 bilhões, que serão alocados principalmente em intervenções em poços, sistemas submarinos e plataformas, por meio de UMS. No ano passado, a estatal recebeu a terceira unidade desse tipo, a UMS Cidade de Quissamã, que terá como principal tarefa ajudar a revitalizar as unidades marítimas.
Essas unidades dispõem de sistemas de posicionamento dinâmico (DP), como os navios aliviadores, que fazem o escoamento de mais de 60% da produção da Bacia de Campos, com sensores de orientação e sofisticado conjunto de propulsão. Dessa forma, podem se conectar por tempo indeterminado com qualquer tipo de plataforma – fixa ou flutuante – sem a utilização de amarras e âncoras.
Com capacidade para abrigar até 500 pessoas, as UMS dispõem ainda de instalações e equipamentos que permitem às plataformas revitalizadas incorporar novas descobertas nas áreas de produção já desenvolvidas, ampliando assim a vida produtiva dos campos maduros. Já há três em atividade na Bacia de Campos: além da Quissamã, está em operação desde2006 aUMS Cidade de Armação dos Búzios, que já atuou nas plataformas de Garoupa, Pampo e Enchova, e a UMS Cidade de Arraial do Cabo, que também chegou em 2011, e começou logo a trabalhar em Cherne.
A intenção da estatal é ampliar a frota de UMS para assegurar maior produtividade dessa bacia madura, principalmente em campos gigantes (com reservas superiores a um bilhão de barris) como Marlim, Marlim Leste, Marlim Sul, Roncador, Albacora, entre outros. Além disso, essas unidades também atendem às novas exigências normativas do setor de petróleo e gás. E são consideradas vitais para a UO-BC reconquistar a eficiência perdida.