COM CERCA de 100 mil quilômetros quadrados, que se estendem do sul do Espírito Santo, no alto de Vitória, até o sul do Rio de Janeiro,em Cabo Frio, a Bacia de Campos continua sendo a mais produtiva bacia petrolífera do Brasil, do alto de seus 35 anos de atividades, nos quais a Petrobras já produziu, até hoje, quase 8,8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe, que abrange petróleo, condensado e gás natural). A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) registra 60 campos em produção nessa bacia: 47 em produção definitiva (38 operados pela Petrobras) e 13 na etapa de desenvolvimento (dos quais, oito operados pela Petrobras). Esses ativos equivalem a 20% do total de concessões em atividade produtiva no país atualmente.
Esses campos produziram, em maio, como aponta o boletim da ANP publicado no início de julho, a média diária de 1,7 milhão de barris de petróleo e 25,7 milhões de m³ de gás, um total de 1,86 milhão de boe. A maior parte dessa produção na Bacia de Campos veio da Petrobras: 1,62 milhão de barris de óleo/dia e 22,6 milhões de metros cúbicos de gás. Há ainda 33 áreas sob concessão, licitadas em nove rodadas, ainda na etapa exploratória.
É nesta bacia que estão os campos e poços de maior produtividade do país: em maio, dos 20 maiores campos produtores do país, 16 ficam na Bacia de Campos, sendo dois operados por companhias estrangeiras – Peregrino/Statoil (13º) e Ostra/Shell (14º). Marlim Sul permaneceu no primeiro lugar do ranking dos maiores produtores de petróleo e em segundo lugar em gás natural, com média de 341,1 mil boe/dia. Nesse campo, a plataforma P-56 produziu, em sete poços, a média de 136,3 mil boe/dia, liderando o ranking das plataformas com maior produção. Já em gás natural, os números são mais equilibrados: dos vinte maiores produtores, oito campos estão nessa bacia.
Mesmo com a forte produção, a Bacia de Campos tem conseguido renovar suas reservas provadas que, em 31 de dezembro de 2011, eram de 16,2 bilhões de barris de petróleo, sendo 87% na costa do estado do Rio de Janeiro e em torno de 13% na costa sul do Espírito Santo. As reservas totais de gás somavam 245,5 bilhões de metros cúbicos. Esses volumes representam aproximadamente 62% das reservas provadas do país (de 25,943 bilhões de barris) e pouco mais de 31% das reservas brasileiras de gás natural (de 789,48 bilhões de m³ de gás).
Não estão computadas nesse total as reservas dos campos sem plano de desenvolvimento aprovado e que não iniciaram produção, ainda não formalmente reconhecidas pela ANP, que somavam 4,14 bilhões de barris de óleo e 117 bilhões de m³ de gás no final do ano passado. Em torno de 1,5 bilhão de barris de petróleo e 32 bilhões de m³ de gás estão na costa fluminense, sendo difícil computar qual o volume total da Bacia de Campos, uma vez que os números da ANP estão relacionados apenas aos estados que seriam impactados por tais riquezas.
Atualmente, cerca de 80 plataformas estão operando na Bacia de Campos, perto da metade delas do tipo semissubmersível e 14 unidades fixas, com mais de 20 e até 30 anos, como é o caso de Enchova, o primeiro campo a produzir, em 1977, e de Garoupa, a primeira descoberta, em 1974, dando origem às atividades naquela bacia. Há ainda mais de duas dezenas de FPSOs (Floating Production, Storage and Offloading, ou Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Escoamento), alguns FSOs (unidades de transbordo e estocagem, que vêm sendo convertidas em FPSOs) e 16 FPUs (Floating Production Unit).
Potencial redescoberto – Ainda que seja uma bacia madura, ela desponta como uma província petrolífera de duplo potencial, graças às descobertas que vêm sendo realizadas tanto na camada do pós-sal, onde estão as principais reservas em produção nesta bacia, como na do pré-sal.
A última delas foi anunciada em maio deste ano, no BM-C-33, operado pela parceria entre a hispânica Repsol e a chinesa Sinopec, localizado ao sul da Bacia de Campos, no prospecto Pão de Açúcar, com volumes recuperáveis superiores a 700 milhões de barris de petróleo de boa qualidade e 3 trilhões de pés cúbicos (545 milhões de barris de óleo equivalente) de gás natural. Nessa concessão, a Repsol-Sinopec e a norueguesa Statoil têm 35% de participação cada uma e a Petrobras, os 30% restantes.
No bloco localizado a 195 quilômetros de distância da costa do Rio de Janeiro, onde a profundidade é em torno de2.800 metros, foi identificada uma coluna total de hidrocarboneto de cerca de500 metrosde espessura. Isso confirmou o enorme potencial dessa concessão, onde já houve duas outras descobertas (Seat e Gávea). A Repsol-Sinopec também tem 10% de participação no campo de Albacora Leste (sendo os 90% restantes da operadora, a Petrobras), onde também houve descobertas no pré-sal.
Nos últimos anos, outras petroleiras, como a brasileira OGX, também têm tido sucesso exploratório nessa bacia, que reúne alguns dos principais players do mundo, como a anglo-holandesa Shell, segunda maior produtora do país, com dois ativos (Bijupirá-Salema e Parque das Conchas); a Statoil, terceira maior produtora, com o campo de Peregrino; e a francesa Total, que recentemente se tornou operadora de Xerelete, ainda em desenvolvimento.
Sem falar na norte-americana Chevron, que paralisou suas operações no campo de Frade, em razão de um acidente registrado no final de 2011, mas que se encontrava entre a terceira e a quarta posição entre os maiores produtores de petróleo e gás, até meados do ano passado.